A maioria das pessoas já está familiarizada com diversos tipos de distúrbios do sono, como a insônia e o sonambulismo. No último caso, uma pessoa em estado de sono profundo se levanta e começa a andar pela casa. Outra condição que ocorre durante a mesma fase do ciclo do sono é a sexônia.

Esse distúrbio tem uma característica peculiar: o indivíduo, adormecido, age sexualmente. Ao contrário do sonambulismo, a sexônia é em grande parte desconhecida e incompreendida.

O que é sexônia?

Assim como o sonambulismo, a sexônia é conhecida como uma parassonia. Esta é uma atividade anormal que ocorre durante uma fase específica do sono. Contudo, ao contrário de outras formas de parassonia, a condição é sexualmente agressiva por natureza.

O sono sexual ou sexônia é uma forma de parassonia comum na fase NREM (movimentos não rápidos dos olhos). Logo, é semelhante ao sonambulismo, que leva as pessoas à prática de atos sexuais, incluindo a masturbação, relações sexuais. Às vezes, dependendo do nível de agressividade, pode levar ao estupro enquanto o sexonista dorme.

Como esse distúrbio acontece durante o período de sono profundo, normalmente o portador da síndrome nem se lembra do dia seguinte.

O que causa a sexônia?

Muitas parassonias, incluindo a sexônia, são pouco compreendidas. Como resultado, os especialistas não sabem exatamente o que os causa. No entanto, existem claramente alguns fatores de risco que tornam o distúrbio mais provável em algumas pessoas do que em outras.

“Muitos desses tipos de comportamentos durante o sono ocorrem secundariamente a outros distúrbios do sono, como privação do sono ou apneia obstrutiva”, diz Raman Malhotra, Mestre Doutor e co-diretor do Centro de Distúrbios do Sono da Universidade de Saint Louis, nos Estados Unidos.

“Certos medicamentos podem induzir esses tipos de comportamento. Também parece haver um componente genético para as parassonias do sono NREM, geralmente perpassando as famílias. ”O abuso de drogas e álcool são outros fatores de risco para a sexônia”, acrescenta Rosenberg.

De acordo com os dados do Hospital Western, de Toronto, no Canadá, os homens são mais propensos a experimentar a parassonia sexual do que as mulheres.  Embora ambos possam ser afetados. Rosenberg também acredita que a sexônia pode ser mais comum do que as pessoas imaginam. “Há vergonha envolvida com o transtorno, por isso acredito que é subnotificado na população em geral”, diz ele.

Como os sexonistas podem ser ajudados

Atualmente, não há medicamentos aprovados pela ANVISA e nem FDA americana para o tratamento da sexônia. Porém, os médicos tiveram sucesso usando alguns sedativos e antidepressivos comuns para tratamento da doença. “Se nós tentarmos esses medicamentos, vamos acompanhar de perto o paciente por alguns meses para analisar sua evolução”, salienta Rosenberg.

Outra abordagem importante para tratar a sexônia é criar um ambiente seguro para as pessoas afetadas pela doença. Isso pode incluir dormir em um quarto separado, trancar portas ou até colocar alarmes nas portas para acordar as pessoas e torná-las conscientes do que está acontecendo. “É importante que medidas de segurança sejam postas em prática imediatamente, a fim de manter seguro tanto o paciente quanto qualquer outra pessoa na casa”, diz o Dr. Malhotra.

Por fim, se um distúrbio do sono subjacente ou abuso de drogas e álcool podem estar causando a sexônia, é importante tratar essas condições também. “Certificar-se de que os pacientes estão dormindo bem, evitar certos medicamentos ou tratar qualquer distúrbio do sono subjacente pode ser o único tratamento necessário para que os comportamentos desapareçam”, conclui Malhotra.