Juntamente com as mudanças físicas que ocorrem à medida que envelhecemos, o sono do idoso também passa por transformações. Mas as mudanças nos nossos padrões de sono fazem parte do processo normal de envelhecimento.
À medida que as pessoas envelhecem, eles tendem a ter dificuldades em adormecer. E mais ainda em permanecer dormindo do que quando eram mais jovens.
Mas é um equívoco comum pensar que o sono precisa diminuir com a idade. De fato, as pesquisas demonstram que nossas necessidades de sono permanecem constantes durante toda a vida adulta. Então, o que faz o sono do idoso ser diferente? O que mantém os idosos mais tempo acordados?
As mudanças nos padrões de nosso sono do idoso – o que os especialistas chamam de “arquitetura do sono” – ocorrem à medida que envelhecemos. E isso pode contribuir para a ocorrência de problemas para dormir bem e por horas prolongadas.
O sono ocorre em múltiplos estágios, incluindo os períodos de sono leve, estágio intermediário do sono e períodos ocasionais de sonho ativo (sono REM).
O ciclo do sono é repetido várias vezes durante a noite e, embora o tempo total de sono tenda a permanecer constante, os idosos passam mais tempo nos estágios mais leves do que no sono profundo.
Os adultos mais velhos também relatam estar menos satisfeitos com o sono e mais cansados durante o dia – mas isso não é uma regra geral. Alguns estudos sobre os hábitos de sono do idoso americano mostram um aumento no tempo que leva para o adormecimento (latência do sono), um declínio geral no sono REM e um aumento na fragmentação do sono (acordar durante a noite) com a idade.
A prevalência de distúrbios do sono do idoso também tende a aumentar com a idade. No entanto, as pesquisas sugerem que grande parte do distúrbio do sono entre os idosos pode ser atribuída a doenças físicas e psiquiátricas, e aos medicamentos usados para tratá-los.
Além das mudanças na arquitetura do sono que ocorrem à medida que envelhecemos, outros fatores influentes do sono do idoso são os ritmos circadianos. Eles que coordenam o tempo de nossas funções corporais, incluindo o sono.
Por exemplo, as pessoas mais velhas tendem a ficar mais sonolentas no início da noite e acordar mais cedo na manhã do que os adultos mais jovens. Esse padrão é chamado de síndrome avançada da fase do sono.
O ritmo do sono é deslocado para frente, de modo que 7 ou 8 horas de sono ainda são obtidas, mas os indivíduos acordam muito cedo porque foram para a cama bem cedo também.
A razão para essas mudanças no sono e ritmos circadianos à medida que envelhecemos não é claramente compreendido. Muitos pesquisadores acreditam que pode ter relação com a exposição à luz.
As opções de tratamento para a síndrome avançada da fase do sono geralmente incluem terapia com luz brilhante.
A prevalência de insônia também é maior entre os idosos. De acordo com pesquisas feitas por institutos especializados, 44% dos idosos experimentam um ou mais sintomas noturnos de insônia pelo menos algumas noites por semana ou mais.
A insônia pode ser crônica (com duração de um mês) ou aguda (com duração de alguns dias ou semanas) e muitas vezes está relacionada a uma causa subjacente, como uma condição médica ou psiquiátrica.
Vale considerar buscar auxílio médico e conversar com o especialista sobre os sintomas de insônia e sobre quaisquer efeitos que esses sintomas possam ter. Somente um médico é capaz de avaliar a gravidade do problema e o que fazer a respeito. Por exemplo, reduzir a cafeína e fazer a sesta após o almoço pode ajudar a amenizar ou até mesmo a resolver o problema.
Se a insônia está criando efeitos mais graves, complicando outras condições ou deixando uma pessoa muito cansada, isso sugere que é importante procurar tratamento.
Quando os efeitos são sérios e não tratados, a insônia pode prejudicar a saúde, provocando sintomas como sonolência diurna excessiva, dificuldade de concentração e aumento do risco de acidentes e doenças, bem como redução significativa da qualidade de vida.
As terapias comportamentais e a prescrição de medicamentos isoladamente ou em combinação são considerados meios eficazes para tratar a insônia; a escolha apropriada deve ser combinada com uma variedade de fatores, e sempre avaliadas com um médico.
O ronco é a principal causa de interrupção do sono em milhões de adultos brasileiros. O problema -mais comumente associado a pessoas com excesso de peso – é uma condição geralmente piora com a idade.
O ronco alto é particularmente grave, pois pode ser um sintoma de apneia obstrutiva do sono (AOS) e está associado com pressão alta e outros problemas de saúde.
Na apneia, a respiração cessa – às vezes por até 10-60 segundos – e a quantidade de oxigênio no sangue cai. Isso alerta o cérebro, causando uma breve excitação (despertar) e a respiração é bloqueada.
Tal bloqueio pode ocorrer repetidamente, causando várias interrupções do sono durante a noite, resultando em sonolência diurna excessiva e função diurna prejudicada.
A apneia do sono não tratada coloca uma pessoa em risco de doença cardiovascular, leva a dores de cabeça, perda de memória e depressão. É um distúrbio grave que é facilmente tratado. Se você roncar alto e regularmente e fizer ruídos altos ou ofegantes durante o sono, esses são os sinais de que você pode sofrer de apneia, e isso deve ser discutido com o seu médico.
A Síndrome das Pernas Inquietas (SPI) é um distúrbio neurológico caracterizado por um desejo irresistível de mover os membros. Com a síndrome, vêm também sensações desagradáveis, incluindo formigamento, cãibras, ou sensação de que o membro está entortando.
O problema afeta, principalmente, as pernas, piorando à noite e dificultando o sono. Sua prevalência aumenta com a idade: um estudo feito nos Estados Unidos observou que aproximadamente 45% de todos os idosos têm pelo menos uma forma leve do transtorno.
À medida que envelhecemos, há um aumento da incidência de problemas médicos, que são frequentemente crônicos. Em geral, pessoas com problemas de saúde ou condições médicas crônicas têm mais problemas de sono.
Por exemplo, a hipertensão está associada ao ronco e à apneia, e a insuficiência cardíaca, que afeta milhões de brasileiros, está ligada à apneia. Além disso, a menopausa e suas ondas de calor, as alterações na respiração e a diminuição dos níveis hormonais podem levar a muitas noites agitadas.
A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é outra causa comum de problemas do sono, assim como a dor proveniente de artrite e artrose nos idosos.
Condições médicas como diabetes mellitus, insuficiência renal, doenças respiratórias como asma e distúrbios imunológicos estão todas associadas a problemas e distúrbios do sono. Doenças como a doença de Parkinson e esclerose múltipla também costumam causar problemas para dormir.