Viajar de avião pode ser uma grande diversão para muitas famílias. Mas os efeitos do fuso horário causam verdadeiros transtornos para o bem-estar de qualquer indivíduo. Logo, um desses transtornos é conhecido como  “jet lag”, que é a dessincronização fisiológica ocasionada pela alteração dos fusos horários.

Sendo assim, essa dessincronização provoca sintomas como distúrbios do sono, fadiga intensa, perda de concentração e desorientação. Além disso, é comum que as pessoas sintam mal-estar, lentidão, transtorno gastrointestinal e perda de apetite. De forma geral, a gravidade e a extensão do jet lag variam de acordo com o número de fusos horários ao qual uma pessoa se submete.

Como acontece o jet lag?

Normalmente, o organismo humano leva por volta de 24 horas para se ajustar ao novo fuso horário E quase todos os processos fisiológicos do corpo têm um ritmo ou padrão que varia ao longo de um dia. Por exemplo, o ciclo circadiano regula o sono e a vigília, que são conduzidos por respostas fisiológicas à luz e à escuridão.

O relógio interno do corpo também controla o estado de alerta, a fome, a digestão, a produção de urina, a temperatura corporal e a secreção de hormônios. Quando esses ritmos são interrompidos, eles não podem ser retomados com a mesma sincronia de antes, uma vez que o fuso horário é outro.

Um hormônio do estresse segregado em um padrão circadiano e que é particularmente sensível às interrupções nos ciclos sono-vigília é o cortisol. Os níveis de cortisol, mais elevados durante o dia e menores à noite, são encontrados em níveis altos em pessoas que passam por mudanças constantes de fusos. Esse é o caso dos comissários de bordo e pilotos de avião.

Testes cerebrais em tais membros da tripulação mostram que eles têm lóbulos temporais reduzidos e má memória de curto prazo. O aumento dos níveis de cortisol correspondem à diminuição do tamanho do lobo temporal nesses indivíduos.

Então, isso sugere um vínculo direto entre a dessincronização fisiológica e a diminuição da funcionalidade da memória de curto prazo. Felizmente, uma vez que a sincronização é restabelecida, a memória de curto prazo retorna ao seu estado normal.

Melatonina para reduzir os efeitos do jet lag

A melatonina, um dos hormônios do sono, desempenha um papel importante na regulação dos ritmos circadianos de sono-vigília. E sua produção é influenciada pelos períodos de claridade e escuridão. Por exemplo, quando a luz é detectada pelo olho, os sinais para inibir a produção de melatonina são enviados para o cérebro.

Consequentemente, essa inibição permite que o cérebro e o corpo mantenham um estado de vigília durante o dia. Na ausência de luz, uma pequena estrutura em forma de cone no cérebro, conhecida como glândula pineal, gera e secreta melatonina.

Essa secreção resulta no aparecimento de alterações fisiológicas associadas ao sono. Como os viajantes normalmente experimentam uma mudança significativa nos ciclos claridade-escuridão, a secreção de melatonina fica “fora de sincronia”. Enquanto isso acontece, o corpo precisa se adaptar a um novo fuso horário.

A administração da melatonina oferece uma forma prática e segura de acelerar a ressincronização do relógio biológico em um novo fuso horário. Contudo, a substância não tem sua venda liberada no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), mas pode ser importada com prescrição médica.

Dicas para evitar o jet lag

Quem está acostumado a viajar com frequência por vezes desenvolve suas próprias estratégias para gerenciar o atraso do sono. Desse modo, vale seguir várias regras simples que podem diminuir significativamente os sintomas do jet lag. A primeira dica mais comum é sempre optar pelos vôos diurnos, que mexem menos com o ritmo circadiano. Além disso, os vôos diurnos provocam menos fadiga, permitindo que o viajante chegue ao seu destino na melhor condição possível.

É importante também fazer refeições mais leves e evitar o consumo de álcool e cafeína, que interferem negativamente na qualidade do sono. No entanto, mesmo com todos esses cuidados, o viajante deve entender que alterações no sono são inevitáveis. Especialmente quando se está em um novo fuso horário, sendo essencial um planejamento mais adequado para a fase de adaptação.