Um novo estudo confirma que a terapia cognitivo-comportamental é uma opção eficaz de combate à insônia crônica. Os pesquisadores do Centro de Distúrbios do Sono de Melbourne, na Austrália, revisaram dados publicados anteriormente e descobriram os benefícios da terapia cognitivo-comportamental (TCC) para o sono. O especialista James M. Trauer foi quem conduziu a nova análise.
Em entrevista à Reuters Health, Trauer comentou a nova descoberta. “O que nos surpreende é que, anteriormente, não houve mais estudos sobre a eficácia deste tratamento. Logo, também não houve mais tentativas de tornar o tratamento disponível para mais pacientes”, disse o especialista.
Para a revisão da pesquisa, os pesquisadores consideraram 20 ensaios clínicos randomizados e controlados de terapia comportamental. Então, avaliaram seus efeitos no sono noturno para pessoas com insônia crônica não causada por uma condição médica subjacente.
5 componentes da Terapia Cognitivo-Comportamental testados
Os pesquisadores avaliaram estudos que testaram pelo menos três dos cinco componentes da terapia cognitivo-comportamental, incluindo:
- (1) trabalhar em conjunto com um terapeuta para identificar e substituir atitudes disfuncionais sobre o sono;
- (2) instruções sobre higiene do sono;
- (3) limitar o tempo na cama em função do tempo de sono, (4) controlar os estímulos do sono e (5) técnicas de relaxamento, como a meditação.
No geral, os 20 estudos incluíram mais de 1.000 pacientes. Dessa forma, foram divididos nos grupos de terapia cognitiva, de educação do sono, de terapia simulada. Além disso, havia outro grupo que recebia pílulas placebo.
Em média, as pessoas nos grupos de terapia reduziram em 19 minutos o tempo necessário para adormecer após o tratamento. Ademais, houve também uma redução de 26 minutos no tempo de despertar durante a noite. O grupo conseguiu dormir por mais sete minutos por noite, relataram os pesquisadores de Melbourne.
Medicamentos mascaram sintomas
Isso valida as recomendações existentes de que a TCC deve ser a primeira opção de tratamento para a insônia crônica, disse Trauer. “Os medicamentos estão associados a efeitos colaterais e também ao risco de tolerância”, disse ele.
“Essas são desvantagens importantes, mas o maior problema com medicamentos é que eles não chegam ao cerne do problema”, enfatizou o especialista. “Os tratamentos psicológicos têm como objetivo entender o que está causando a insônia e reverter esses processos. Enquanto os medicamentos apenas mascaram os sintomas”.
A revisão não avaliou os resultados mais importantes, como fadiga, sofrimento psicológico e qualidade de vida. No entanto, Charles M. Morin, da Universidade Laval em Quebec, no Canadá, observou em um editorial que “existe uma grande lacuna entre o estado atual da ciência e a prática clínica real”.
Tratamentos com base em medicamentos prescritos
A insônia é muitas vezes não reconhecida e tratada. E, quando é tratada, invariavelmente é com uso de produtos de balcão de farmácia que oferecem com riscos desconhecidos. Ou, então, com medicamentos prescritos com efeitos colaterais conhecidos, escreve Morin. “A terapia comportamental cognitiva é relativamente desconhecida e subutilizada pelos médicos”.
A TCC deve ser apropriada para a maioria das pessoas com insônia crônica, desde que o portador do distúrbio aceite que é necessário algum trabalho específico e intenso, mas não está disponível para todos os pacientes, esclareceu Trauer.
O tratamento baseado na Internet e os formatos baseados em grupos podem dar aos pacientes mais acesso à TCC para a insônia, que precisa ser adaptada ao indivíduo, segundo esclareceu o pesquisador.