Passamos um terço das nossas vidas dormindo. Ainda não exista uma explicação que justifique tanta necessidade de sono reparador. Mas uma recente pesquisa feita nos Estados Unidos lançou luz sobre esse mistério, dando pistas intrigantes para possíveis tratamentos para a depressão.

Em um estudo publicado pela Universidade de Freiburg, os pesquisadores mostraram que o sono “reseta” nosso cérebro continuamente. Então, sono reparador tem um papel importante na conectividade no cérebro humano, que ocorre em nossas horas de vigília.

O processo parece ser crucial para o nosso cérebro se lembrar e aprender novas informações para que possamos nos adaptar ao mundo que nos rodeia.

Falta do sono reparador prejudica a “reciclagem” cerebral

A perda de uma única noite de sono é suficiente para bloquear o mecanismo natural de “reciclagem” do cérebro, descobriram os cientistas. Em princípio, com a privação do sono, os neurônios do cérebro aparentemente ficaram  sobrecarregados.

Logo, a sobrecarga da atividade elétrica não permitiu que novas memórias fossem claramente definidas.

Privação terapêutica do sono para tratar depressão

Mas Christoph Nissen, um dos psiquiatras que liderou o estudo na Universidade de Freiburg, também está entusiasmado com o potencial de ajudar pessoas com transtornos de saúde mental.

Um tratamento radical para a depressão é a privação terapêutica do sono. De acordo com Nissen, o tratamento funciona por meio da mudança da conectividade cerebral do paciente.

A nova pesquisa oferece uma compreensão mais profunda do fenômeno, que pode ser adaptado para produzir tratamentos mais práticos.

“O porquê dormimos é uma questão fundamental. Por que gastamos tanta vida em nosso estado cerebral? Este trabalho mostra-nos que dormir é um processo cerebral altamente ativo e não uma perda de tempo. É necessário para a função cerebral saudável”, declarou o pesquisador.

Estudo sobre dormência sináptica do sono

Os resultados são um impulso para o que se chama hipótese de dormência sináptica do sono. Tal hipótese  foi desenvolvida por cientistas da Universidade de Wisconsin-Madison, em 2003.

Ele explica por que nossos cérebros precisam descansar depois de um dia gasto absorvendo toda a informação que recebemos. De modo que isso inclui desde as notícias lidas nos jornais até as conversas durante o almoço.

Conhecido como SHY, a hipótese afirma que, quando estamos acordados, as sinapses que formam conexões entre nossas células cerebrais se transformam. À medida que aprendemos, se fortalecem cada vez mais e, eventualmente, saturamos nossos cérebros com informações.

Por fim, o processo requer muita energia. Contudo, o sono permite que o cérebro retome sua atividade, consolide nossas memórias e esteja pronto para começar novamente na manhã seguinte.